UM "BASTA" NÃO É SUFICIENTE: É PRECISO REALMENTE SE CANSAR
Existe um grande cansaço rondando a vida cotidiana, muitos estão cansados.
Cansados de carregar o dia inteiro para dentro de cada noite, de trazer o passado por trás dos olhos, ano após ano, impregnados de certezas sobre a vida, com tantas experiências acumuladas. Cansados de compartilhar frases de sabedorias que não sabem praticar. Cansados de dar palpite na vida dos outros, sem nunca reconhecer que o que se vê fora é o que se tem dentro. Cansados de tentar o caminho do controle, sem desconfiar que talvez não seja uma boa ideia condicionar o brilho de nosso olho ao movimento de outros olhos. Cansados de ser tão repetitivos, monotemáticos, tão nós mesmos. Cansados de nos ocupar, como se relaxar fosse errado. Cansados de buscar o sucesso e temer o fracasso. Cansados de ceder ao ciúme do outro, de alimentar seus hábitos negativos, de negociar com cada aflição que tiraniza. Cansados de aceitar migalhas de felicidade. Cansados de desejar tanta mediocridade para nós mesmos, como se fossem aspirações elevadas. Cansados de confundir nossa bolha com a realidade, sem perceber que os seres não caminham pelo nosso mundo: cada um deles está no centro de um outro mundo. Cansados de reagir e reagir e reagir e reagir, sem nunca estalar os dedos. Cansados de se cansar tão facilmente.
O problema é que a gente não se esgota o suficiente — só 50% não leva à transformação. As coisas só tem o poder de nos cansar porque nós ainda não nos cansamos delas. Desse desgaste sem saída precisamos agir como se falasse em caixa alta, seco, preciso, cortante: “BASTA!”
Que possamos interromper nosso falatório incessante. Que possamos enfim parar. Começando agora!
Que a gente possa realmente esgotar tudo aquilo que nos esgota.
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