RESPOSTA PADRÃO
Se não há caminho melhor que outro, o que responder para alguém que pede por algum direcionamento? Ora, a própria percepção de que não há saída – de que pode surgir dor e insatisfação em qualquer posição – é feita de uma perspectiva e de um olhar que pode ser mantido em qualquer caminho, e que revela igualmente que pode surgir felicidade e liberdade em qualquer posição!
Você pode sofrer e ficar insatisfeito com ou sem sua namorada, assim como pode ser feliz e livre com ou sem sua namorada. O ponto não é continuar ou terminar, mas ser livre e construir relações positivas em todas as direções.
Me questiono sobre a universalidade de nossa dor: quanto mais específico e particular o problema, mais ele se aproxima das aflições de nosso vizinho, de nosso colega de trabalho, de nossos pais, netos, ex-namorados, primos de segundo grau, de estranhos na rua, franceses, japoneses… Como ensinava Guimarães Rosa, o mais particular não é senão o mais universal: “O sertão é do tamanho do mundo”
Mas...
Qual é o nosso verdadeiro problema?
Qual é o nosso verdadeiro problema?
A esposa insatisfeita não sabe se trai ou não o marido, a mulher aflita pergunta como voltar com o marido e a garota que se sente carente arruma um parceiro atrás do outro… Elas todas perguntariam o que fazer, buscariam alterar as situações ao redor, e sequer desconfiariam de seus verdadeiros problemas: insatisfação, aflição, carência. Ora, elas não estão sofrendo porque desejam trair, querem voltar ou namoram sem parar… Elas estão sofrendo porque estão oprimidas pela carência, se movem por insatisfação e estão afogadas em emoções perturbadoras.
Quando a coisa aperta, ninguém quer mudar. É impressionante! Tudo o que a gente quer é parar de sofrer, resolver, ter algo de novo, se livrar de algo, acertar, conseguir, se dar bem.
Mudar a mente? Que nada! Isso dá trabalho. Muito melhor perder um tempão tentando encontrar uma nova solução pra cada novo problema. Aí trocamos um problema por outro que AINDA não parece ser problema.
Achamos que nosso problema é o namorado que foi embora, a mulher que traiu, o parceiro indeciso, a falta de um amor, a comunicação confusa, a ausência de diversão, grana ou desejo. Mas não é. Nosso problema é a insatisfação gerada por colocarmos nossa felicidade, nossa alegria, nossa energia, nossa respiração, nossa vida em cima de bases instáveis como um namorado, uma mulher, um apartamento, um emprego, uma conta bancária, uma identidade, um pensamento, uma religião…
Assim que surge a insatisfação, a raiva, a carência, a ansiedade ou qualquer forma de perturbação, sentimos um desconforto, uma necessidade de se mover, mudar, tomar uma decisão. Em nenhum momento desconfiamos que estamos sendo comandados pela aflição. Pelo contrário, ela vira nosso líder, mestre, guru, nossa intuição mais sábia: “Estou sofrendo muito, acho que é o momento de acabar com ela!”.
Nós sofremos porque vivemos sob a ilusão de que alguns caminhos são mais seguros do que outros, que uma identidade é melhor que outra, que a estabilidade pode ser encontrada em alguns pontos e não em outros, que seremos felizes com algumas pessoas e não com outras. Sem perceber, passamos a vida inteira buscando tais posições, identidades, locais e pessoas. O fim da história nós já sabemos e teimamos em ignorar: todos morrem antes de conseguir encontrar o Santo Graal.
Sem as aflições, tanto faz com quem esteja. Solteira, casada, divorciada, com um, com dois, com três, sem ninguém, só com amigas, sozinha, não importa. Sem as aflições, não há um caminho melhor que o outro. Você será feliz e fará outros felizes em qualquer condição.
Enfim, o que eu desejo é que você seja feliz e possa ter a habilidade de fazer os outros felizes, seja seu marido, ex-marido, ex-mulher, filho, filha, prima, primo, ficante, casinho, amigo, chefe, avó, uma desconhecida ou o mendigo que você viu hoje pela manhã.
*LEIA TAMBÉM
*LEIA TAMBÉM
Nenhum comentário:
Postar um comentário