DEIXE DE IDEALIZAR (SOBRE O QUE É UMA RELAÇÃO)
O relacionamento que mais precisamos melhorar não é com a esposa ou com o marido, mas com a realidade — é ela que temos de ouvir e abraçar mais.
Em tese sabemos palestrar sobre ciúme, poliamor, traição, convivência, divórcio, sedução… “Amor é isso, casamento é assim…” Temos uma grande teoria e vivemos a partir dela, gerando um conjunto de regras implícitas, pois nunca detalhamos direito cada uma de nossas expectativas sobre como os outros deveriam se comportar.
Várias visões das quais nos orgulhamos, que defendemos em conversas, que compartilhamos em citações e vídeos pela internet, são visões que estão construindo nossos futuros sofrimentos. A tragédia é que o efeito surge muito longe da causa. Se o ciúme e o controle são tratados como naturais e necessários, por exemplo, como esse olhar vai ajudar em meio a uma experiência de traição?
Mesmo no fundo do poço, quando tudo deu errado, nos agarramos aos mesmos pensamentos que nos levaram até ali. Desconfiamos de tudo e todos, menos de nossa teoria sobre o que é uma relação. Depois, quando saímos da crise, levamos junto suas sementes: confusões emocionais envelopados em um discurso bem coerente (do qual a vida sempre ri, afinal nunca foi consultada).
Precisamos de um critério para manter ou descartar premissas sobre relacionamentos. Há quanto tempo estamos sustentando essa visão? Ela realmente nos ajudou? Por mais bonita que seja, ela traz sabedoria ou mais confusão?
Em geral, nossa teoria é bem lapidada, porém descolada do que realmente acontece por aí. A realidade nunca justifica as reações negativas que parecem tão inevitáveis em nossa bolha. Um ato violento dificilmente aconteceria se as paredes de casa fossem transparentes ou se algum grande amigo chegasse acendendo a luz de nosso apagão momentâneo.
Todos nós temos a capacidade de investigar os processos mais sutis do mundo interno das nossas relações . Mas para isso é melhor abdicar do posto de especialista. Em vez de discursar tanto, olhar mais.
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