"DESODIAR"
O termo "desodiar" não existe no nosso dicionário. E por tal omissão da língua, relegamos o ódio ao estado sólido, ao concreto, ao que não pode ser desfeito. O amor pode acabar (desamor); mas o ódio soa eterno.
A proposta é dissolver a tal eternidade do ódio (deixar de odiar", "desodiar").
Em prol da cultura da tolerância vou tentar clarear um pouco sobre os mecanismos que movem nossas intolerâncias, isso pode ajudar a gente a desodiar.
Funciona mais ou menos assim: quanto mais sou forçado a aceitar o outro como igual a mim, tanto mais, num âmago que mal reprimo, eu o odeio e quero acabar com ele. Mas por que eu preferiria que o outro se mantivesse diferente de mim? Por que não quero reconhecê-lo como igual? A intolerância é mais que um preconceito, é uma reação emocional à presença do intolerável, num leque que vai do desconforto à ansiedade, ao medo e, por fim, à raiva e à agressão.
Do ponto de vista da psicanálise: Quando as nossas reações são excessivas, deslocadas e difíceis de serem justificadas é porque emanam de um conflito interno.
De forma simples, o que acontece é: Estou com dificuldades de identificar a causa da minha própria intolerância, então acho mais fácil tentar reprimir o outro, ou seja, condená-lo, persegui-lo e reprimi-lo, se possível até fisicamente, porque isso me ajuda a dar vazão a esse meu conflito interno mal resolvido.
Estou aqui propagando a cultura da tolerância, mas a tolerância é para os fortes. Para se tornar uma pessoa tolerante, é preciso rever alguns conceitos que são cultivados no interior da alma. Ou seja, é necessário admitir-se culpado. E ninguém gosta disso, infelizmente. Mas felizmente, fica aqui o meu convite a essa reflexão.
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