"OS OUTROS", "A OPINIÃO DOS OUTROS", "O QUE SATISFAZ OS OUTROS", "O QUE OS OUTROS VÃO PENSAR?!"
Qualquer produtor de televisão pode confirmar: um programa para a TV aberta, que precise atingir um público de dezenas de milhões, é um produto bem diferente de um programa de TV a cabo, que será um sucesso absoluto se atingir poucos milhões.
Para o primeiro programa, é preciso continuamente aparar arestas (tem gente que se ofende com beijo gay? então não pode ter beijo gay, etc) até que sobra um produto final razoavelmente homogêneo, pasteurizado, seguro, sem personalidade, que se anulou até não sobrar quase nada.
Já o segundo programa, por ter expectativas mais reduzidas, pode ousar mais, sabendo que cada ousadia tem seu custo-benefício (um beijo gay tem o custo de afastar o público homofóbico e o benefício de atrair o público LGBT e simpatizantes) até que sobra um produto final que certamente não agradará ao grande público, mas que agradará muitíssimo o público para o qual foi produzido.
O grande paradoxo do nosso comportamento é sermos um programa de TV a cabo que passa às quartas-feiras de madrugada, mas agirmos como se passássemos no horário nobre da TV aberta.
Nossa ansiedade por ser amadas e nosso pânico de ficar sozinhas é tamanho que nos comportamos como se precisássemos atrair sete bilhões de pessoas, mas, na verdade, só precisamos atrair uma dúzia para ter uma vida inteira de relacionamentos plenos e satisfatórios.
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