segunda-feira, 13 de julho de 2015

FACILIDADE EM LIQUIDAÇÃO


SAINDO DA ZONA DE CONFORTO

Resultado de imagem para zona de conforto
A gente vê verdadeiras campanhas encorajando as pessoas a usar a escada, estacionar mais longe, sentar menos e caminhar mais.
Sabemos que não há nada revolucionário nesse conselho. Dizer para as pessoas para serem “mais ativas” é tão novo quanto o automóvel. 
Hoje em dia, tornar o cotidiano mais difícil não só vai melhorar sua vida, mas vai torná-la mais fácil. Todos nós sabemos que é “melhor” comer salada de quinoa do que hambúrguer, e usar a escada em vez do elevador, mas isso não necessariamente nos leva a uma mudança. “Melhor”, no sentido de exercício-e-comida-integral, sempre esteve disponível o tempo todo, mas essa vida melhor parece mais difícil do que aquela que já temos, e a última coisa que queremos é dificultar a vida.
Acho que a maioria de nós quer mesmo uma vida mais fácil, não necessariamente uma vida mais íntegra. Queremos menos problemas e mais curtição, talvez mais ainda do que ansiamos por conquistas ou virtudes. Mas o que muitas vezes esquecemos é que assumir a dificuldade em certos locais nos leva a muito mais facilidade do que os modos usuais de “vida fácil”. Dispor três horas por semana na academia é mais fácil do que permanecer fora de forma 24 horas por dia. Estudar é mais fácil que sentar numa sala de aula fazendo uma prova sem estudar. Fazer um bom trabalho é mais fácil do que se perguntar quando é que finalmente vão nos demitir.
Eu costumava pensar na facilidade e na dificuldade como uma dicotomia bem direta: queremos mais de uma delas, e menos da outra. E talvez em certo sentido isso seja verdade, mas muitas vezes elas são encontradas no mesmo lugar e surgem como um pacote. Uma pequena dificuldade muitas vezes é o portão por onde entra um conforto muito maior.
Acabamos com vidas desnecessariamente difíceis porque temos dificuldade em reconhecer a facilidade ela está oculta por trás da dificuldade. É difícil ver, por exemplo, que naquele momento difícil quando você se vai pela primeira vez entrar numa academia, se esta tomando o caminho da maior facilidade: se você passar por aquela experiência curta e difícil, a sua vida rapidamente começa a ficar bem mais fácil. Depois desse portão, sua situação de saúde é mais fácil, namorar é mais fácil, comprar roupas é mais fácil, e virtualmente são mais fáceis todas as tarefas cansativas fisicamente que se possa considerar, possivelmente pelo resto da vida. E toda essa facilidade é causada por três horas por semana, três horas que também se tornam rápida (e permanentemente) muitas vezes mais fáceis do que a primeira vez.
Sempre compreendi que é melhor confrontar os medos e as tarefas difíceis, mas concordo que é difícil querer algo “melhor” mais do que quer algo “mais fácil”. Talvez você também seja assim, e talvez isso signifique que não somos muito virtuosos. Mas se a facilidade é o que você quer, ela está presente em grande quantidade escondida atrás de pequenas dificuldades. Uma coisa que parece difícil muitas vezes é na verdade um pacote abarrotado de facilidades .
Em outras palavras, muitas vezes o que obtemos ao buscar facilidade na vida é um mau negócio, porque sempre tentamos insistir em começar com o que é fácil, não importando quão irrisório seja aquele começo difícil.
Depois de uma vida tentando driblar todas as ocorrências de dificuldade, estou começando a encarar a dificuldade como “facilidade em liquidação”. O sentimento de “Puxa, isso foi difícil” tem se tornado “Olha só – outro jeito de facilitar minha vida”.



Nenhum comentário:

Postar um comentário