quarta-feira, 19 de agosto de 2015

ATIVIDADE DOMÉSTICA NECESSÁRIA - SEJA VOCÊ MENINO OU MENINA

QUANTO MAIS INDEPENDENTE MELHOR 

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Vivemos uma época em que o conceito de “homem”, “masculino”, “coisa de macho” vem sendo constantemente repensado. 
Coisas que antes eram tipicamente masculinas hoje pertencem aos dois gêneros, situações que antes definiam o homem hoje não definem mais nada, atitudes que antigamente eram vistas como “coisa de macho”, a galera meio que mostrou pra gente que eram apenas coisas sem sentido que a gente fazia usando esse lance do cromossomo y como desculpa, e foi chato, não foi legal. 
Agora tá esse climão pesado com todo mundo.
E como sempre acontece em períodos de desconstrução de conceitos, alguns abraçam ideias novas com mais velocidade, outros se apegam mais a concepções antigas e, em muitas ocasiões, as pessoas, por falta de uma ideia central clara a que se apegar, acabam criando alguns vínculos meio fortes demais com algumas noções secundárias. “Homem não pode se depilar”, “homem precisa ser assertivo”, “se você não trata mulher de uma certa forma você não é homem”, “se você na hora do Mario Kart escolhe correr com a Princesa Peach e não com o Mario, você claramente não bate com a minha definição de homem”. 
Isso tudo são formulações secundárias. 
Mas mais do que discutir em profundidade as questões de gênero e como hoje em dia talvez nem faça mais sentido a gente se preocupar tanto com a ideia de homem, num mundo cada vez menos binário, cada vez mais plural e onde todo mundo ganha muito mais apenas respeitando o outro do que tentando classificar as pessoas em caixinhas - aceitar sempre vai ser muito mais fácil e te gerar muito mais amigos do que tentar definir - esse texto tem como objetivo lidar com uma questão bem mais simples, bem menos moderna e ao mesmo tempo bem mais ridícula, que é a ideia de que se você for homem pode fazer isso e não pode fazer aquilo.
Sim, eu tenho certeza que você já fez ou já viu. Algum amigo seu se gabar de não saber “fritar nem um ovo”. Momentos assim, ao mesmo tempo que transmitem uma perturbadora ideia de que a masculinidade é tão frágil, deixa claro que talvez, ainda que tendo ali os seus 30 anos, ainda que tendo ali o seu emprego, o seu carro, você não é tão adulto assim.
Qualquer rito de passagem de qualquer cultura pode te mostrar, ser adulto é não ser mais dependente, é ser capaz de viver por conta própria, é estar apto a resolver sozinho os seus problemas. 
Desde os aborígenes que mandam seus filhos para caçar e só consideram homens aqueles que retornam com sucesso até os pais de classe média que mandam seus filhos para os concursos públicos e só consideram homens aqueles que voltam como escriturários da caixa econômica, tudo na formação do homem gira em torno disso: da sua capacidade de prover, de realizar, de cuidar de você mesmo.
Então se você não sabe fritar um ovo, meu amigo, você não está realmente apto a viver uma vida adulta. Se você não é capaz de lavar a sua roupa - talvez você não esteja pronto pra sair de casa. Se você não é capaz de manter um apartamento de um quarto vagamente limpo ao menos ao ponto dele não começar a gerar espontaneamente outras formas de vida que irão tentar rivalizar e possivelmente suplantar o ser humano residente, você não tá sendo exatamente um homenzinho.
E se você é tão inseguro quanto a você mesmo que a ideia de realizar atividades que possivelmente o seu avô e a galera do gamão dele lá na pracinha considerariam “coisa de mulher”, então o caso é ainda mais grave e talvez você ainda vá precisar de mais um bom tempo de estágio antes de ser um adulto, queira se pensar como homem ou não. 
Mesmo que você tenha condições de pagar alguém pra fazer pra você, é essencial que você saiba fazer, e que alguma vez na vida você arrume a própria cama, lave a própria privada e seque a própria louça. Faz parte do processo de crescimento de cada ser humano, e temos que estar cientes ao menos uma vez na vida, que o mundo não tem obrigação nenhuma de nos servir.
Confesso que já fico meio desconfiada quando a pessoa diz que nunca sequer arrumou a própria cama.
Conheço e reconheço a existência de diaristas, cozinheiras, comida congelada, sites de delivery, tinturarias que buscam em casa e todos os outros recursos e ideias que existem exatamente para que ninguém, seja homem ou mulher, precise desempenhar as atividades domésticas. Mas da mesma maneira que a autora desse texto, mesmo reconhecendo a existência de calculadoras e barcos, considera necessário saber fazer contas e nadar, ela acredita que quanto mais independente você puder ser nessa vida, melhor. Mas, sim, delivery, excelente ideia, não vou nem questionar isso.

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