segunda-feira, 17 de agosto de 2015

COMPARTILHANDO IMPRESSÕES SOBRE AS MANIFESTAÇÕES

POUCO POLITIZADOS? 

NOSSA SÍNDROME DE VIRA-LATAS    

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O que vimos nessa manifestação de domingo? Cartazes contra corrupção, aos montes. Fora PT, fora Dilma. Se nas manifestações passadas o tema era contra a corrupção de maneira genérica, ontem os palanques defendiam claramente a saída da Presidente, seja por renúncia, seja por impedimento. Fotos com Polícia Militar, selfies. Pessoal se hidratando, ambulantes vendendo garrafas d’água. Vuvuzelas, apitos e até um reco-reco.
Nada diferente do de sempre nessas manifestações. 
A história acontece com democracia, sim, mas também com revoluções, golpes e rasteiras políticas que podem alterar o curso dos acontecimentos e desestabilizar o ambiente político.
Quando digo desestabilizar, eu quero dizer possível guerra civil, em maior ou menor grau, com a formação de grupos armados, choque de insegurança, militarização. Isso pode causar impacto econômico, além do sofrimento da população com estresse e perdas. É alarmante, mas penso até ser uma possibilidade real dependendo do tamanho do caos instalado. Algo que ninguém acha que pode acontecer até acontecer.  Não podemos dizer que isso é bom, mas pode ser um mal necessário.
O que eu quero, aqui, é uma reflexão sobre esse assunto. 
Por mais que, no discurso, os organizadores insistam em dizer que não, podemos perceber que as palavras de ordem que saem dos carros de som, os cartazes dos manifestantes, os pedidos de prisão, todos, em sua imensa maioria, é contra o Partido dos Trabalhadores.
Estão apartidários, é como se dissessem: não queremos o Partido dos Trabalhadores no Poder, mas também não queremos correr o risco de indicar uma alternativa da qual eu possa vir a me arrepender.
A consciência permanece em paz, em cima do muro: se, por um lado, luta-se para derrubar algo que se acredita estar errado, por outro, não há compromisso em construir algo melhor, mantendo para sempre a posição de crítico.
Uma outra possibilidade para o proclamado apartidarismo das manifestações pode ser o simples fato de que alguns manifestantes não conhecem os partidos políticos brasileiros, e os organizadores adotam propositalmente um discurso pouco tangível contra um, em favor de nenhum.
As pessoas podem estar se dizendo apartidárias quando, na verdade, desconhecem o partido que mais se aproxima de suas convicções políticas se é que elas as têm.
Não devemos perder o foco das discussões verdadeiramente construtivas. 
Sei que você pode estar me chamando de desinformada, e realmente faço parte dessa massa que recebeu educação e baixo nível de consciência política. Sim, todos sabemos que a nossa educação é ruim e que nossa consciência política é baixa, mas estou tentando melhorar. 
Aliás, esse clichê de que nós, brasileiros, somos um povo pouco politizado (e eu me incluo nessa), pode até ser um equívoco, um pouco efeito de nossa (essa sim, verdadeira) síndrome de vira-latas. Mas admito que é assim que me sinto em relação a política, sinceramente.
Digo que pode ser um equívoco porque pensando bem temos no país dois grandes movimentos sociais, os Sem-Terra, e os Sem-Teto (entre tantos outros). O primeiro congrega algo em torno de 500 mil famílias, e o segundo tem articulações em todas as capitais e grandes cidades do país (que é continental, diga-se de passagem). Nosso processo eleitoral envolve ativamente pelo menos 90% da população. Podemos dizer que o debate é pouco instruído, que as pessoas não votam pelos motivos corretos, que isso é por conta do voto obrigatório, etc. e tal. Mas é fato a participação massiva da população nos processos eleitorais de todos os níveis.
Sei que é politicamente incorreto mas, confesso que, se não tiver convicção alguma sobre candidato algum, não faço nenhuma questão de votar porque não vejo sentido em votar por votar. É uma decisão difícil, mas para mim representa a tranquilidade de não ter tentado nada, pra que não tenha que me arrepender de ter seguido minha intuição vendo tudo dando errado depois. Sei que correr o risco do sucesso e do fracasso faz parte, porém, no meu caso o problema é "falta de pessoal",  faz tempo que eu estou de olho para ver se pinta alguém com um perfil descente que seja comprometido e que deixe os interesses eleitoreiros de lado, mas até agora só vejo o mesmo de sempre: os dois polos, "azul e vermelho", e a turma menor que é difícil de levar a sério. Parece briga de torcedor de futebol pra ver quem é o melhor time. 
Tenho em mente que nossa tradição democrática é recente,  que política se aprende e se ensina com o tempo, e que um dia há de melhorar.
Oremos!

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