sexta-feira, 7 de agosto de 2015

MUITAS VERDADES SÃO MENTIRAS

UMA MENTIRA CONTADA VÁRIAS VEZES SE TORNA VERDADE



Tudo é ficção? A verdade não existe? Tem coisa parecendo mais ficcional do que o Jornal Nacional, do que um livro de História do Brasil, do que uma biografia de celebridade? As pessoas ainda acreditam no que leem . Por isso, bato sempre nessa mesma tecla: tudo é mentira? Tudo? O tempo todo? Especialmente as coisas que querem nos convencer de qualquer jeito pra se afirmar verdades verdadeiras?
O questionamento é pertinente e a afirmação deste não deixa de ser verdadeira. Nossa história é marcada pela História, que passou pela mão de muitos, interpretação de vários, sofreu edição. E vocês, já pararam para pensar se aquela história da sua avó, que te contava histórias, é real ou ficção? Eu sei a verdade (ou não), mas independente da resposta correta, é interessante a gente pensar no poder das histórias.
Veja, eu não estou aqui para dissecar a “mentira na humanidade e suas aplicações psicológicas”. Apenas observo que ela, enquanto ficção, é utilizada por todos o tempo todo, para alguma finalidade conveniente, mas defendo que, se utilizada para uma narrativa de entretenimento, ela sempre pode ser saudável (ao contrário disso, se utilizada no dia a dia, confesso ser absurdamente contra).
A realidade é a nossa referência imutável. Os filósofos discutem sobre seu significado, mas confiamos no bom senso na maior parte do tempo. Não costumamos misturar nossos sonhos e desejos com as coisas do dia a dia ou da vida real, a não ser que estejamos afetados por delírios de febre ou alterados por álcool e outras drogas.
Existe a ficção. As histórias. Tudo que não faz parte da nossa referência imutável. Os mundos de “o que aconteceria se…” e “faz de conta” que existem lado a lado com o real, uma tecnica que utilizamos para experimentar uma ideia, por exemplo. Sabemos que a ficção tem suas utilidades e sabemos que não é real. E ponto final.
Dentro dessa linha de raciocínio, que artigos de jornal supostamente são factuais e informam fragmentos de realidade, geralmente recentes, com fatos, informações e detalhes circunstanciais. Que também são chamados de “histórias”.
Ao usarmos essa palavra, admitimos que é difícil encontrar um fato puro, que a produção de notícias sempre envolve seleção, escolha do que enfatizar, transformar alguns fatos crus em uma narrativa. 
Nosso mundo é sustentado por pilares, que nada mais são do que histórias, reais ou não. Histórias sobre nossas famílias e os relacionamentos; sobre os grupos a que pertencemos e o que os torna melhores do que outros; sobre a América ser a terra da liberdade, que tudo vai melhor com Coca-Cola e milhões de outras coisas. Esqueçam as histórias e tudo o que sobra são grandes, desajeitados e arbitrários “fatos” que não se encaixam nem valem nada. Não se pode fazer um mundo a partir deles. Então, somos todos viciados em histórias e tomamos nossas doses sempre que podemos.
Fato é que em algum lugar na guerra das ideias alguém já tem a arma suprema que sempre começa com "Era uma vez...". 

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